Capítulo 13

Me levantei praticamente correndo, fui até a cozinha e encontrei meu pai no chão e o J.P chorando tentando acorda-lo. Não sabia o que fazer, corri até a agenda perto do telefone e vi o número da emergência, liguei e corri no quarto vestindo uma roupa qualquer. Mandei uma mensagem pro Luan dizendo o que estava acontecendo e voltei pra cozinha. Meu celular começou a tocar era o Luan, dei pro J.P atender. Escutei o barulho da cirene e corri na porta, os bombeiros entraram correndo e fez todos os procedimentos correndo com ele pro Samu.

Sophia: -espera aqui, tranca a casa, o Luan vem te buscar e já te leva ta?-beijei a bochecha do J.P
J.P: -não me deixa aqui sozinho, me leva junto
Sophia: -prometo que o Luan já vem, tranca a casa direitinho e leva a carteira do papai com os documentos

Peguei meu celular e mandei uma mensagem pro Luan pedindo pra ele pegar o meu irmão em casa, fui o caminho todo segurando a mão do meu pai que estava desacordado, fiquei com muito medo de perde-lo quando o senti ficar gelado. Chegamos no hospital e o pessoal da emergencia já correram e tudo.

XxX: -é o Davi liga pra médica dele agora-escutei um dos enfermeiros falar alto
Sophia: -o que ta acontecendo?-perguntei preocupada
XxX: -fica calma

Eles entraram correndo com a maca e corri atrás, porém chegou em uma das portas que só era permitido funcionario e infelizmente eu não pude entrar, me sentei derrotada no chão enquanto via enfermeiros e mais enfermeiros entrando naquela porta.

XxXx: -ele está inconsciente doutora, estamos fazendo de tudo-escutei uma enfermeira falar, e uma mulher muito elegante ao lado dela conferindo a ficha
Sophia: -você é a médica do meu pai?-me levantei rapidamente indo até ela
XxXx : -sim, Elaine, você é quem?
Sophia: -Sophia, filha dele
Elaine: -fica calma ta, vamos fazer de tudo
Sopha: -o que ele tem doutora?-perguntei apreensiva
Elaine: -é melhor ele dizer
Sophia: -pelo amor de Deus, meu pai está morrendo nessa sala, eu preciso saber o que ele tem-falei desesperada
Elaine: -seu pai tem um tumor no cérebro e ele já está grande, não podemos fazer muita coisa, mas eu prometo fazer de tudo pra salva-lo

Ela entrou na salinha e novamente me joguei no chão, dessa vez sentindo meu rosto molhar com as lágrimas que escorriam sem permissão, chorei tanto e só parei quando o Luan parou na minha frente junto com o J.P.

J.P: -o que aconteceu? O papai ta bem né?-disse desesperado
Sophia: -fica calmo, estão fazendo de tudo e logo ele vai ficar bem ta?
J.P: -promete?-sentou ao meu lado
Sophia: -pede pra Deus, vai dar tudo certo-acariciei seu rosto

Luan também sentou ao meu lado e ficou me olhando, apenas neguei mordendo o lábio tentando conter o choro. Assim que senti a respiração do J.P pesada, olhei e vi que ele dormia profundamente.

Luan: -o que aconteceu?-acariciou meus cabelos
Sophia: -ele está com câncer, meu pai tem um tumor no cérebro-voltei a chorar
Luan: -meu Deus Sophi-me apertou em um abraço
Sophia: -eu não sei o que fazer, que rumo tomar, não sei nada
Luan: -eu to aqui contigo, fica calma por favor, ele vai sair dessa, ele vai ficar bem
Sophia: -quando o João acordar leva ele pra lanchonete?-o olhei
Luan: - levo sim claro

A Doutora demorou a aparecer, graças a Deus o João acordou e foi pra lanchonete com o Luan. A médica saiu da sala e assim que me viu veio até mim e sentou ao meu lado.

Sophia: -aquilo que você me falou, é verdade?
Elaine: -sim, é verdade, seu pai está com um tumor muito grande maligno, não há mais o que fazer, ele estava tomando os remédios, fazendo o tratamento, mas assim que descobriu que você e seu irmão viria pra cá, ele me pediu pra diminuir os remédios e que ele tomasse apenas o necessário pra conseguir passar essas férias com você, mas parece que ele não aguentou até o fim delas, seu pai está em estado terminal
Sophia: -não há chances de cura?-desabei em lágrimas
Elaine: -vamos fazer o impossivel por ele, agora vai pra casa vai
Sophia: -não, eu quero vê-lo, posso?
Elaine: -só por alguns minutos, libero seu irmão também, seu pai precisa contar
Sophia: -obrigada

Dei um sorriso de lado e com a permissão dela entrei na salinha proibida, meu pai me olhou e fez gracinha com o sistema automatico da cama, o olhei brava e ele parou.

Sophia: -você prometeu que estava bem, você mentiu pra mim, por que nos trouce pra cá? Pra ver você morrer?-falei irritada
Davi: -a médica disse que eu não resistiria uma semana sem mostrar indicios da doença, sem tomar os remédios, mas vocês me deram força, eu fui longe, com a ajuda de vocês, lamento estragar tudo assim, eu só queria estar bem pra passar as férias com vocês
Sophia: -você não pode morrer pai-me aproximei dele e deitei ao seu lado na cama
Davi: -me desculpa por falhar
Sophia: -você não falhou pai, me perdoa por ter sido tão ruim com você no começo, eu te amo-deitei a cabeça em seu peito
Davi: -eu amo você filha

Ficamos conversando um tempinho até a doutora entrar no quarto e me mandar ir chamar o J.P, pois meu pai iria pro quarto e iria ser cedado. Dei um beijo na bochecha do meu pai e fui até a lanchonete, de longe vi o Luan e o J.P sentados em uma mesa, e exatamente tudo que o Luan comprou pra ele comer estava sobre a mesa do mesmo jeito. Me aproximei deles e olhei pro meu irmão que nem tinha percebido minha presença ali.

Sophia: -J.P-chamei atenção dele que me olhou
J.P: -cadê ele? como ele está?-perguntou desesperado
Sophia: -ele está louco pra te ver, vamos lá?
J.P: - vamos

Seguimos até a sala e deixei o J.P entrar sozinho, sem eu pra atrapalhar. Fiquei abraçada com o Luan que me dava todo conforto e carinho do mundo. Do nada a porta abriu e o meu irmão saiu desabando em lágrimas, me levantei e a minha única reação foi abraça-lo e chorar junto com ele.

Elaine: -acho bom irem pra casa, ele vai dormir muito e quando acordar vai querer vocês aqui firme e forte dando todo apoio pra ele-disse firme
Sophia: -vamos sim obrigada por estar cuidando dele
Elaine: -esse é o meu trabalho e vou fazer de tudo pra vê-lo bem

Sai com o Luan e o J.P, fomos até o estacionamento e entramos no carro do Luan. Seguimos pra casa em silêncio. Assim que chegamos lá entramos, mandei o meu irmão ir tomar banho e assim ele fez. Nos sentamos no sofá e o Luan me apertou em um abraço.

Luan: -o que a médica te disse?
Sophia: -que ele está em estado terminal
Luan: -nossa-foi a única coisa que ele conseguiu dizer-eu to aqui ta?
Sophia: -obrigada por isso-levantei minha cabeça e dei um selinho nele

Peguei meu celular e aproveitei que o J.P estava no banho e liguei pra minha mãe, contei tudo o que aconteceu, ela ficou desesperada e disse que estava voltando agora mesmo pro Brasil, quando ouvi o barulho da porta do banheiro abrindo, me despedi dela e desliguei.

Sophia: -quer comer?-perguntei pro João
J.P: -não-disse desanimado
Sophia: -você precisa comer J.P
J.P: -eu sei, eu vou dormir um pouco quando eu acordar eu como alguma coisa
Sophia: -então ta bom, eu vou tomar um banho, vai lá dormir-beijei sua bochecha

Ele entrou no nosso quarto e fiz o mesmo, peguei um vestido qualquer, minhas peças intimas e minha toalha.

Sophia: -vou tomar banho rapidinho, já venho ta?-me sentei no colo do Luan
Luan: -quer ajuda?-riu e fiz o mesmo
Sophia: -não, obrigada

Dei um beijo rápido nele e fui pro banheiro, tomei um banho de cinco minutos, eu não podia ficar pensando no estado do meu pai, se não choraria ainda mais. Sai do banheiro já trocada, fui até o quarto e peguei um colchão, joguei no chão da sala, coloquei o lençol, peguei meu travesseiro e coloquei lá também.

Sophia: -tem algo pra fazer agora ou daqui a pouco?
Luan: -não, por que?
Sophia: -deita aqui comigo, não quero ficar sozinha
Luan: -vou fazer esse sacrificio por você-ri novamente
Sophia: -só você pra me fazer rir
Luan: -ta me chamando de palhaço?-falou sério e dei uma gargalhada
Sophia: -vem

Nos deitamos e ficamos conversando por alguns minutos, mas aos poucos a voz dele foi ficando baixa, até se calar, ele tinha dormido e eu também. Acordei um tempo depois com um barulho de coisas caindo, me sentei no colchão assustada e o Luan fez o mesmo.

Sophia: -JOÃO PEDRO-gritei, mas ele não respondeu

Me levantei e sai procurando ele, não o encontrei dentro de casa, desci no porão e lá estava ele mexendo em algumas coisas e latas.

Sophia: -o que você ta fazendo?-puxei ele de perto das pratileiras
J.P: -me deixa-se soltou e voltou a mexer nas coisas-eu preciso terminar de pintar a igreja, eu e o papai estavamos quase terminando, mas agora eu não aguento levar as coisas, e nem alcanço-soluçou o que o denunciava que ele chorava
Sophia: -olha pra mim
J.P: -NÃO-gritou-você passou as férias todas sem se importar com pai, eu fiquei com ele o tempo todo, você só liga pra você e esse seu namoradinho idiota-disse com raiva
Luan: -calma muleque-puxou o J.P pra um abraço que ele tentou sair, mas o Luan é mais forte-eu te ajudo a terminar, a gente leva as coisas no meu carro e a gente termina de pintar
J.P: -você não sabe como é-chorou e eu estava sem reação
Luan: -me ensina, eu sou um bom aluno, me ensina-disse carinho
J.P: -ta bom-meu irmão se rendeu e abraçou o Luan também-me desculpa
Luan: -não tem problema, mas fica calmo ta?
J.P: -ta

Pegamos ele e levamos de volta pra dentro de casa, enquanto o Luan conversava com ele, controlei o meu choro e preparei um almoço pra ele, macarronada e frango frito.

Sophia: -vem comer, depois você e o Luan vão na igreja enquanto eu vou ver o papai, ta bom?
J.P: -tudo bem, mas não conta pra ele ta? Vai ser surpresa-disse um pouco animado
Sophia: --ta bom, eu juro que não vou contar, agora venham comer
Luan: -você que cozinhou?-perguntou ironico
Sophia: -sim, por que?-respondi da mesma forma
Luan: -acho que prefiro passar fome-riu e o J.P deu uma gargalhada alta
J.P: -eu também
Sophia: -nossa, olha como vocês são, maldosos, fiquem com fome então, eu vou comer

Me sentei e me servi, os meninos fizeram o mesmo, toda hora o Luan soltava uma piadinha e conseguia tirar risadas minha e do J.P.

OIIIE