sábado, 24 de outubro de 2015

Capítulo 19

Eu estava tão nervosa, não sabia se ele iria querer falar comigo, não sabia se a família dele iria me receber bem, não sabia de nada, eu estava muito insegura em relação a isso, assim que ele estacionou na frente da casa, fiquei olhando e vi que uma mulher varria o quintal. Eu não a conhecia.

Sophia: - o senhor espera um pouco?-pedi ao motorista
XxX: - claro, o tempo que for necessário
Sophia: - obrigada

Desci do carro e me aproximei daquela mulher, olhava seus traços e tentava reconhecer, mas isso não aconteceu, eu realmente não a conhecia.

Sophia: - com licença-chamei sua atenção e ela me olhou
XxX: - olá, posso ajudar?-disse educada
Sophia: - tem alguém da família Santana aí, precisava falar com o Luan ou com algum deles
XxX : - a senhorita não está sabendo?-me olhou nos olhos
Sophia: - sabendo o que?
XxX: - a família Santana se mudou, eles não moram mais aqui, eles vão manter a casa, mas não irão mais morar aqui-meu peito doeu
Sophia: - como isso?-perguntei com a voz falha e a olhei
XxX: - parece que o Luan, o filho do senhor Amarildo teve alguns problemas aqui e ele precisava esquecer
Sophia: - pra onde eles foram?
XxX: - Londrina, Paraná
Sophia: - obrigada-sorri pra ela

Voltei pro carro em êxtase, meu peito estava doendo tanto, o choro já estava preso na garganta, sentei no banco de trás e apenas consegui dizer o endereço de casa, assim que ele se dirigiu pra fora da casa, comecei a chorar, eu o perdi.

******

Sophia: - acho que hoje vai chover-eu disse olhando o céu nublado
Davi: - também acho, o tempo ta estranho, mudou de uma hora pra outra-ele disse devagar
Sophia: - você está bem?-o olhei
Davi: - sim, apenas aquela falta de ar que está me incomodando um pouco
Sophia: - quer que eu faça algo?
Davi: - toca um pouco de piano pra mim
Sophia: - sério?
Davi: - sim, vai lá
Sophia: - ta bom, to indo-me levantei, mas ele me impediu de seguir-o que foi?
Davi: - eu amo você filha, eternamente-disse com a voz falha e meus olhos lágrimejaram
Sophia: - não faz isso-acariciei seus cabelos
Davi: - eu vou ficar bem, prometo, mas quero te ouvir tocar
Sophia: - quer entrar?-respirei fundo
Davi: - não, eu to bem aqui-beijou a minha mão
Sophia: - te amo, pra sempre-beijei sua testa

Segui até o piano velho que tinha perto da sala e comecei a tocar pra ele, assim que a música acabou me levantei e de longe vi que o copo de água que estava ao seu lado, agora estava caído no chão e toda a água derramada, meu peito sofreu um aperto que não consegui explicar, eu sabia que ele tinha ido embora, mas não queria aceitar.

Me sentei no chão e fiquei olhando ele de costa pra mim, conseguia apenas ver sua mão esquerda que não se movimentava mais. Comecei a chorar sem parar e não conseguia pensar o que fazer. Me levantei e me aproximei dele, toquei seu pulso e um trovão veio junto com a confirmação de que ele se foi.

Corri até o telefone e liguei pra minha mãe, em seguida pra emergência, em menos de cinco minutos eles chegaram, fizeram todos os primeiros socorros ali mesmo, tentaram de tudo, mas de nada adiantou.

XxX: - eu sinto muito-o socorrista disse me olhando

Eu não sabia o que fazer, eu era apenas uma menina de 17 que acabará de perder o pai.

XxX: - não tem mais ninguém ai?-ele perguntou
Sophia: - não, mas minha mãe já está vindo pra cá, ela vai arrumar tudo certinho

******

Clarice: - Sophia-escutei a voz da minha mãe, levantei a cabeça e vi ela, corri pro seus braços e ali chorei-eu disse que ia acontecer
Sophia: - eu já sabia, mas não queria acreditar que isso realmente iria acontecer
Clarice: - não fica assim, vem cá-me levou até o sofá e me deitei em seu colo
Sophia: - ele se despediu, ele me pediu pra tocar, mas antes se despediu, disse que me ama eternamente
Clarice: - e ele disse apenas a verdade, ele ama você, sempre vai amar
Sophia: - quem está organizando tudo?
Clarice: - o Danilo, já está tudo organizado, só precisa de uma última peça de roupa
Sophia: - vou pegar, pera ai

Me levantei e fui até seu quarto, abri o guarda-roupas e não aguentei e chorei muito mais. Peguei um terno que ele amava e dizia que era muito especial, pois foi o terno que ele se casou com a minha mãe, entreguei a ela que não conseguiu segurar as lágrimas e choramos juntas.

Ela logo se foi e eu fiquei ali sentada no chão da sala lembrando de todos os nossos momentos nesse último mês que passamos sozinhos. Tomei um banho rápido, e vesti um vestidinho qualquer. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e me sentei na varanda esperando minha mãe vir me buscar o que não demorou pra acontecer.

Passei a noite toda ao lado do caixão, pra mim um minuto sem estar ao lado dele seria um minuto a menos de despedida. Quando o velório estava quase acabando o Luan entrou na igreja, veio até o caixão, fez uma oração e em seguida veio até mim, me levantou da cadeira e me abraçou, me permiti chorar naquele abraço.

Luan: - ele lutou por vocês, você sabe disso, ele amava e ainda ama você, ele se foi desse mundo, mas pra sempre ele será seu anjo, fica bem ta?-me deu um beijo na testa e se afastou
Sophia: - não vai, por favor, fica comigo-o abracei novamente
Luan: - tem mais gente querendo falar com você, vou ao banheiro e volto-novamente se afastou
Sophia: - promete?
Luan: - eu já volto-disse fugindo da promessa

Sabia que ele não voltaria, e saber disso me fez chorar ainda mais, cumprimentei todos que vieram falar comigo e continuei ali até o padre vir fazer toda a oração. Assim que fecharam o caixão me desesperei e tive que tomar um calmante, foi tudo muito triste, o J.P ficou poucos minutos ali, ele estava muito triste e não conseguiu ficar muito tempo ali.

Quando o enterro terminou fiquei ali por mais um tempo, até minha mãe me arrastar pra casa, tirei a minha roupa e tomei um banho gelado, assim que sai meu irmão estava comendo, meu padrasto também e minha mãe estava apenas sentada na mesa e ao seu lado um prato vazio.

Clarice: - vem comer Sophia
Sophia: - não estou com fome-neguei sentindo meus olhos lagrimejarem
Clarice: - você precisa comer filha-neguei
Sophia: - não, eu só preciso dormir, amanhã eu como

Fui pro quarto antes que ela reclamasse, me deitei e com o calmante que eu tinha tomado consegui dormir rapidamente.

Os dias foram se passando, minha mãe foi embora com o Danilo e o J.P já eu fiquei pra arrumar toda a casa, eu iria voltar e queria deixar a casa toda arrumada. Estava arrumando algumas caixas que tinha no quarto do meu pai, e dentro tinha uma linda caixinha de música, abri a mesma e ali tinha uma carta, abri e vi meu nome no começo.

"Querida Sophia!
Se você está lendo essa carta agora, é porque eu já partir dessa vida, eu sei que chorar e ficar triste vai ser inevitavél, mas quero que saiba que eu estou bem, muito melhor do que estava ai, a falta de ar, a dor no peito, os enjoos não me incomodam mais, nada disso veio comigo pra onde estou agora. Vim por meio dessa carta que está registrada em cartório, pra que você saiba que o apartamento que tenho em São Paulo passei pro seu nome, a chave está no fundo da caixinha onde encontrou a carta, essa casa passei pro nome do João Pedro, ele amou vim morar aqui de frente do lado e sei que quando ele estiver maior ele vai querer passar as férias aqui, na minha conta no banco, tem uma boa quantia em dinheiro, e o advogado já sabe que é pra dividir entre você e o João. A saudade é uma dor muito forte, mas que você não sentirá, pois estarei sempre ao seu lado, guiando todos os seus passos, todos os seus caminhos, obrigada filha por ter passado todo esse tempo comigo, mesmo no começo não querendo, por ter cuidado de mim quando descobriu a minha doença, e por nunca ter deixado de apertar minha mão e dizer que eu iria ficar bem. Se está sentindo minha falta, toque um pouco do piano, sempre que tocar eu estarei pendurado no mesmo olhando você tocar! Não tenha medo de amar, corra atrás da sua felicidade e seja feliz, se por acaso você cair, eu te levanto. Amor além da vida! Eu amo você meu tesouro, pra sempre!!!
Seu Pai, Davi!"

As lágrimas desceram mesmo sem permissão, peguei a caixinha e no fundo dela tinha um chaveiro com algumas chaves, peguei o mesmo na mão e guardei no bolso do short. Continuei minha faxina e quando finalmente acabei, arrumei tudo o que eu levaria pra casa e deixei na sala, tomei um banho e me troquei, logo o carro da minha mãe estacionou em frente de casa, nos cumprimentamos e guardamos tudo no carro.

Sophia: - meu pai me deu um apartamento em São Paulo-eu disse enquanto seguiamos caminho
Clarice: - como assim?
Sophia: - ele disse que tinha um ap lá, ele deixou essa casa pro J.P e o apartamento pra mim
Clarice: - e você pretende ir pra lá?
Sophia: - tava pensando em ir pra Austrália passar um tempo longe daqui com a tia Paula, cuidar dela
Clarice: - sua tia não está bem, e ela pode falecer, vai ser demais pra você meu amor
Sophia: - ela não vai morrer, eu vou cuidar dela, já pesquisei sobre pneumonia e sei tudo como ajuda-lá, vou tentar entrar em uma faculdade de Medicina de lá
Clarice: - sério?-me olhou com os olhinhos brilhando
Sophia: - vou tentar, se eu ver que não é pra mim eu saio
Clarice: - vou falar com ela, tenho certeza que ela vai amar ter você lá
Sophia: - eu vou amar ir pra lá-dei um sorriso triste pra ela
Clarice: - fica calma, tudo vai se resolver-acariciou meus cabelos e voltou a prestar atenção na estrada

Deitei a cabeça no vidro e dormi o resto do caminho todo. Assim que chegamos em casa, contei sobre o papai ter deixado a casa pra ele e ele se animou um pouco. Minha mãe falou com a minha tia que concordou na hora sobre eu ir pra lá, resolvemos tudo e daqui duas semanas eu iria.

...6 anos depois...

ELE MORREU, QUE TRISTE!
LUAN FOI NO VELÓRIO!!!
UII, 6 ANOS SE ASSARAM, EITA NÓIS

7 comentários:

  1. Aí gente que capítulo triste :'( eita nós 6 anos se passaram, CONTINUA LOGO.

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  2. Tatiana vc não podia ter feito isso comigo!!! To chorando litros
    Como assim se passou 6 anos???
    Continua

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  3. Morri junto com ele...
    Puts chorei de mais Tatiana, tu fica matando os outros...
    Mais ó posta mais, pq eu quero saber o que rolou nesses 6 anos...
    Continua logo Tarada

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  4. TATIANA QUEM VAI MORRER É VC! Poxaaaa,vc tem que acabar comigo sempre matando alguem né? Inundei a casa,caraa!! E que palhaçada é essa de ja ter se passado 6 anos?? Ce n ta nem louca de acabar essa fic rapido okay? Okay! Coont logo!

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  5. Não acredito q ele morreu :'(
    Vc é muito do mal vacuda..
    Já pode continuar

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